24-Janeiro-2013
Sumário: Introdução ao Manuelino.
Igreja de São Brás em Évora.
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O Manuelino é considerado por muitos como sendo o medievo-renascentismo na Arquitectura Portuguesa, entre o período de 1490 a 1530.
Apesar das influências
internacionais, adquiriu características únicas. Surgiu nos finais do Gótico, e como tal contém elementos arquitectónicos do Gótico
final ou Flamejante.
O Gótico Flamejante é mais trabalhado do que o Gótico convencional, principalmente nas coberturas, tornando-se mais espectaculares. Contudo, não aposta
tanto na verticalidade, mas sim no aumento dos vãos pouco apoiados estruturalmente. A decoração do Gótico Flamejante torna-se excessiva.
Portugal nos
finais do Século XV, após a batalha de Aljubarrota, o país encontra-se mais
estável e de boas relações com Inglaterra. Encontrando-se numa situação económica razoável, condições essas que permitiu o inicio da
expansão marítima, primeiro para o Norte de África, depois para as ilhas e Sul de
África, posteriormente a África Oriental
e Índia e finalmente ao Brasil e Américas.
O Manuelino trouxe ao panorama arquitectónico, novos sistemas construtivos e novas técnicas de luz, tornando-se numa arquitectura diferente do Gótico na sua concepção. Não apenas por introduzir novos elementos decorativos, mas principalmente pelas inovações arquitectónicas.
Este estilo teve uma produção artística muito variada e diversificada, devido à presença de artistas estrangeiros no país.
Como grande inovação arquitectónica, surge o conceito de Igreja Salão, em que as três
naves estão à mesma altura. Esta tipologia contraria o Gótico.
O edifício torna-se mais baixo, com um novo conceito de
espaço tornando-se mais homogéneo. Os muros separadores entre cada nave, feitos a partir dos
arcos, possibilitava que o vértice do arco chegasse ao tecto, alterado a percepção espacial mais tornando-o mais unitário. Inovação que não ocorria nos edifícios internacionais desta época.
Posteriormente, as três naves passaram a ser apenas
separadas pelos pilares, desaparecendo os muros e os
arcos separadores. Deste modo a igreja passa a ter uma única abóbada para as
três naves.
Salienta-se que não há nenhum edifício assim na Europa.
Relativamente às abóbadas, são
diferentes em todos os edifícios com abóbadados. A abóbada Flamejante tem mais
tendência para ser abatida. Sendo que a abóbada Manuelina chega ser tão abatida que com a evolução do estilo torna-se recta, surge o conceito de planificação de abóbadas,que é um sistema
construtivo muito complexo, que permite um espaço muito mais
homogéneo.
Contudo, há
uma tendência para fragilizar os elementos de suporte, moldando estes de forma
a atenuar a sua força e sugerir alguma leveza, por vezes dando a sensação que a
coluna se pendura no tecto.
Igreja
de S. Brás (Évora, final do séc. XV)
Todo o edifício é coberto de ameias e merlões. Estes
elementos de Arquitectura militar já não eram necessários nesta época.
Utilizavam-se apenas como valor simbólico de conquista e de poder – questão
militar está relacionada com a época dos descobrimentos.
É estabelecida uma relação entre a Arquitectura e os descobrimentos, através de elementos de
carácter exótico extra-europeus, ou seja, encontrados fora da Europa.
Neste edifício existem contrafortes cilíndricos com terminações Góticas, especula-se que também possam ser recuperações de
torreões da Arquitectura civil ou copias da Arquitectura indiana.
Na entrada existem as duas
torres cilíndricas, com uma lojia (um avanço em relação edifício que faz a
transição entre o espaço interior e exterior). Em Portugal chama-se a este
avanço galilé. No interior o edifício tem apenas uma nave, com cobertura abóbadada.
Continuação do uso de elementos góticos típicos, nomeadamente no tipo de vãos. Também estão
presentes elementos da Arquitectura árabe, através do arco ultrapassado (um arco de
volta perfeita em que a meia volta é ligeiramente prolongada).
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