sexta-feira, 21 de junho de 2013

Último Post

Queria deixar aqui um especial agradecimento à Universidade Sénior de Azeitão pela oportunidade desta experiência enriquecedora, que muito me orgulha.


Votos de continuação do excelente trabalho realizado na nossa terra.


A todos muito obrigada! 


Carla :)






quinta-feira, 20 de junho de 2013

Lisboa - Entre a morfologia urbana orgânica da Colina do Castelo, a ortogonalidade da Baixa Pombalina e o acto simbólico da Avenida da Liberdade.

20 - Junho - 2013
Sumário: Lisboa - Entre a morfologia urbana orgânica da Colina do Castelo, a ortogonalidade da Baixa Pombalina e o acto simbólico da Avenida da Liberdade. 
Os notáveis: Castelo de São Jorge; Sé de Lisboa; Teatro Éden; Cinema São Jorge; Coliseu dos Recreios; Teatro Tivoli; Hotel Avenida Palace; Edifício do Diário de Noticias; Parque Mayer; Cine-Teatro Capitólio; Fundação Calouste Gulbenkian; Centro de Arte Moderna.
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A morfologia do tecido urbano desta área caracteriza-se por uma integração de planos concebidos de raiz como o caso da Baixa Pombalina e da Avenida da Liberdade numa malha urbana orgânica resultado do crescimento da cidade, Lisboa não foi pensada de raiz mas sim é resultado do seu desenvolvimento que provocou uma grande expansão, integra sim dentro do seu tecido planos executados e pensados de raiz.
Existe uma dicotomia entre as ruas estreitas do tecido orgânico e a rigidez das ruas amplas da Baixa, se as primeiras tendem a direccionar-se ao encontro da Baixa, as segundas procuram a relação com o rio através da Praça do Comércio.
As praças têm um papel fundamental, têm um potencial articulador da malha urbana, estabelecem profundas relações com o resto da cidade, são tidas como pontos de referencia e de chegada de outros focos de Lisboa, como a Praça do Comércio, a Praça da Figueira, o Rossio, os Restauradores, o Martim Moniz e a norte o Marquês de Pombal, criam uma configuração no tecido urbano são nós de articulação com outros focos da cidade.
Apesar da descentralização da cidade para norte e para oriente é facto que este tecido urbano constituído pela Baixa, Colina do Castelo e Avenida da Liberdade continuam a assumir-se como centro nefrálgico da cidade, certamente pelo estatuto que consolidaram na história.
Na análise do Plano de Pormenor de Salvaguarda da Baixa Pombalina constata-se segundo a planta de enquadramento que este plano tem como áreas limítrofes o núcleo histórico da Mouraria, o núcleo histórico de Alfama e Colina do Castelo, o núcleo histórico do Bairro Alto e da Bica e a Avenida da Liberdade e a sua área de envolvência. 
Está também em evidencia a rede ferroviária e a rede metropolitana que faz a ligação a norte e a zona marginal.
O edificado na zona de salvaguarda especifíca a predominância de edifícios destinados a serviços, habitação e ao sector administrativo. Mas também e em menor predominância edifícios com função comercial, restauração e mistos.
A norte da área de salvaguarda é perceptível a existência mais acentuada de edifícios dirigidos à hotelaria, existem alguns edifícios categorizados como equipamentos essencialmente implantados a oeste da malha urbana referente à circunscrição da Baixa. 
A problemática dos edifícios devolutos e em alto estado de degradação é perceptível com a enorme quantidade de edifícios referenciados no plano, emergindo um pouco por toda a malha urbana.
São perceptíveis na análise alguns equipamentos religiosos de relevo integrados no plano.
No que concerne à volumetria do edificado os edifícios com seis pisos são os de maior destaque sendo que a sul do plano existe uma mancha de edifícios nas imediações da Praça do Comércio cuja dimensão encontra-se nos quatro pisos, existem também no tecido urbano edifícios com cinco e sete pisos, implantando-se dispersos pelo tecido urbano representativo da Baixa, pontualmente edifícios com oito e com três pisos.
A volumetria do edificado apresenta homogeneidade, pois no centro do plano concentram-se os edifícios com seis pisos, constata-se que não existe uma discrepância acentuada entre as alturas do complexo edificado.
Relativamente ao estado da conservação do edificado, consta que maior parte do edificado encontra-se num estado de conservação regular e em bom estado de conservação predominantemente a sul do plano, porém existem edifícios disseminados na malha urbana que se apresentam em muito mau estado de conservação, salienta-se que existem edifícios em processo de obra.  
O edificado referente a equipamentos e a serviços públicos concentram-se essencialmente a sul, junto à praça do comércio, com os edifícios públicos referentes a ministérios e outras estruturas, dispersos existem elementos culturais como o teatro D. Maria II, pontualmente aparecem edifícios religiosos.
Numa análise à planta de mobilidade é perceptível a restrição do automóvel em muitas das ruas do plano, sendo que existem cinco vias principais de circulação na Baixa, a circulação dos transportes colectivos têm uma rede mais alargada, é de salientar que existem muitas ruas principais do plano que são de uso exclusivo ao peão.
Muitas das artérias da Baixa referentes a trânsito local são indispensáveis para a coerência urbana estabelecendo relações urbanas com os aglomerados limítrofes, nomeadamente ligações ao Castelo, Chiado e Bairro alto, sendo que as vias principais convergem para a Avenida da Liberdade e Martim Moniz.
É de referir a existência de parques de estacionamento subterrâneos na Praça do Município e na Praça da Figueira.
A rede de metropolitano instalado na Baixa estabelece relações para poente, Norte e Este, existindo três grandes estações, o Rossio, Baixa-Chiado e Terreiro do Paço, permitindo uma grande facilidade na mobilidade na cidade.
A introdução de estações de bicicletas de uso partilhado é um factor de importância a concretizar no plano de Salvaguarda.
O plano pormenor da Colina do Castelo compreende as áreas referente ao núcleo histórico da Mouraria e o núcleo histórico de Alfama e Colina do Castelo, este encontra-se adjacente à Baixa Pombalina, posicionando-se a Este, morfologicamente constitui-se como uma elevação.
A área referente ao plano estabelece que o tecido urbano é ocupado maioritariamente por um edificado habitacional  histórico, sendo que a área verde de recreio encontra-se localizada na área pertencente ao Castelo.
A qualificação do espaço urbano e estrutura patrimonial indica-nos que o uso do solo referentes a espaços consolidados definem o traçado urbano da Colina do Castelo bem como as áreas verdes do Castelo.
A sul encontram-se equipamentos e infraestruturas referenciados como espaços de uso especial.
O património arqueológico e geológico existem ocorrências hidrominerais de Alfama com área de protecção, uma extensa área junto à zona ribeirinha, os indícios arqueológicos também estão sinalizados como o resto das cercas de Lisboa e do teatro romano.
A morfologia da Colina do Castelo é orgânica, irregular com uma traça conseguida através de um acumulado de fenómenos urbanos, desde a era medieval, este traço contrasta com a traça rígida da Baixa Pombalina planeada na totalidade, os edifícios da Colina têm maioritariamente entre três e quatro pisos, na zona ribeirinha e junto à Baixa a cércia tem cinco ou mais pisos, ao longo da malha urbana, mas com menos preponderância surgem edifícios a um intervalo entre um a dois pisos.
Numa análise do edificado é essencial compreender a proporção do edificado devoluto e em elevado estado de degradação, o núcleo histórico de Alfama apresenta um grande numero de edifícios devolutos principalmente na zona voltada para o Tejo e dispersos até ao Castelo.
A estrutura verde como já foi referido apresenta-se concentrada no Castelo sendo uma massa arbórea importante no tecido urbano e aparece pontualmente na malha urbana, em logradouros, em espaços intersticiais e em largos que rompem o edificado.
O tecido urbano tem presente muitos logradouros adjacente aos edifícios, uns são espaços cuidados pelos habitantes, outros encontram-se em alto estado de degradação, reflexo do abandono do edificado. A par dos logradouros existem espaços de articulação da malha urbana como largos e espaços entre o edificado que permitem a fluidez urbana.
Ao longo do tecido urbano da Colina do Castelo proporcionar perspectivas sobre a cidade únicas, os miradouros constituem-se como pontos visuais de excelência.
Relativamente ao plano de urbanização da Avenida da Liberdade e zona envolvente analisa-se que a Avenida da Liberdade é um eixo de grande relevância e notoriedade, sendo assim, respeita um plano de urbanização que integra o tecido edificado envolvente.
No que toca à estrutura verde, existem quatro núcleos referentes a parques de uso colectivo, dos quais sobressaí a massa arbórea do Jardim Botânico.  
Ao longo da avenida existem elementos arbóreos com alguma expressão, e nas ruas circundantes existem alinhamentos arbóreos. Ao analisar a malha urbana verifica-se a existência de logradouros arborizados, com dimensão significativa ou localização estratégica.  
No que concerne ao trafego e transportes públicos, existem quatro vias principais estruturais, que possuem corredores BUS. É perceptível a orientação do túnel do metro que marca as três estações pertencentes ao plano de urbanização da Avenida da Liberdade. Todas as outras vias estão categorizadas como vias locais.
No decurso da Avenida existe um edifício em condições especiais. O Parque Mayer encontra-se referenciado também.
A volumetria dos edifícios sitos na Avenida da Liberdade alcançam uma cércia ente seis a nove pisos, pontualmente existem edifícios com dez a mais pisos. A norte do plano de urbanização situam-se os edifícios mais altos, ao passo que a sul da avenida localizam-se os edifícios mais baixos.
A Avenida tem um grande património edificado, é perceptível que a sul da malha urbana existe uma maior concentração de imóveis ou objectos singular de valor patrimonial, sendo a maioria classificados pelo I.P.P.A.R.
Quase todos os edifícios do plano de urbanização estão inseridos na zona especial de protecção conjunta dos imóveis classificados da Avenida da Liberdade e área envolvente, exceptuando o Jardim Botânico e pontualmente na zona nascente do plano. 
O uso do edificado a nível térreo demonstra que, ao longo do eixo da Avenida da Liberdade, o piso térreo dos edifícios é ocupado por comércio, sendo mais expressivo a sul, hotelaria em alguns edifícios a norte, que sobressaem na malha urbana. Vão surgindo serviços financeiros e de seguros, e serviços de cultura e lazer. Pontualmente, existem pisos térreos em estado devoluto. Constata-se a quase inexistência de habitação a nível térreo, sendo que a nascente existe uma maior expressão deste tipo de utilização, e também um grande número de espaços ocupados por instalações, equipamentos e serviços prestados à colectividade.
Relativamente aos edifícios de habitação e devolutos, os edifícios de habitação concentram-se a nascente do plano de urbanização, apesar de aparecerem pontualmente ao longo da malha urbana. A par disto, existem alguns edifícios devolutos ao longo do eixo da Avenida da Liberdade. A Norte existe uma concentração de edifícios parcialmente devolutos, ou seja, têm alguns pisos devolutos.
Ao nível do uso do edificado no que concerne ao comércio e aos serviços pessoais, ao longo do eixo da Avenida existem centros comerciais, comércio especializado, artigos de uso pessoal, artigos de luxo e antiguidades. Na sua envolvente existe comércio alimentar, comércio de transportes e maquinarias, comércio de materiais de construção civil, serviços pessoais e comércio residual. Em relação ao uso do edificado de hotelaria, restauração, cultura e lazer, na Avenida da Liberdade existem hotéis e teatros com mais expressividade, e alguns cafés, pastelarias e leiterias. A sul existem cinematecas, bibliotecas, museus, centros culturais e de exposições, salões de festa, discotecas, bares, casas de fado e salas de jogo. Na envolvente encontram-se dois grandes edifícios categorizados como: cinematecas, bibliotecas, museus, centros culturais e de exposições.
Os usos de edificado relativos a empresas, profissionais liberais e comunicações, no decorrer da Avenida podem encontrar-se empresas, escritórios, profissionais liberais e serviços, e agências de viagem.
Na sua envolvente a sul do seu traço existe um edifício de companhia de telecomunicações e correios, e do lado nascente da avenida no meio da sua envolvente localiza-se uma área com alguma expressividade referente também, a companhias de telecomunicação e correios. Ainda o uso de edificado de serviços financeiros e seguros, os serviços financeiros, nomeadamente, bancos e companhias de seguro estão em maior concentração na zona norte da Avenida da Liberdade.
A administração central e local, instituições de serviço à colectividade e os seus usos de edificado na malha urbana são mais preponderantes serviços de administração e segurança pública, localizando-se com mais expressão a nascente do troço da Avenida.
Também a mencionar, alguns serviços de saúde, instituições humanísticas e/ou assistência social. A norte da malha urbana também constam instituições económicas e organizações profissionais.
Ao longo da malha urbana constata-se a existência de edifícios categorizados como imóveis classificados pelo IPPAR e imóveis em via de classificação pelo mesmo organismo, na zona a sul do plano urbano existe uma maior concentração de edifícios com este tipo de classificação na zona norte aparecem pontualmente na malha urbana.
Existem áreas limitadas pelo feixe hertziano militar, áreas de protecção a imóveis pelo IPPAR e áreas de protecção a edifícios classificados.
É perceptível ao longo do eixo da Avenida da Liberdade, percursos de fruição urbana a requalificar, existem também equipamentos de caráter lúdico/cultural, e uma área considerável referente a área de animação urbana que diz respeito ao Parque Mayer e algumas áreas envolvente.
Ao longo da avenida da liberdade existem dois eixos com acessos viários condicionados e percursos pedonais a requalificar, e algumas áreas categorizadas como área pedonal com transito condicionado.
No campo das acções urbanísticas destaca-se uma área central do eixo da Avenida da Liberdade que está estabelecida nas unidades de execução de responsabilidade mista, enquanto que no extremo norte e no extremo sul do eixo diz respeito às unidades de execução de responsabilidade municipal.
A área do Parque Mayer, Jardim Botânico e sua envolvente directa diz respeito a acções urbanísticas de unidades de execução de responsabilidade mista, tal como acontece em algumas áreas a nascente e a poente do plano de urbanização.
Existem alguns edifícios referentes a  área habitacional histórica integrados pelo sector A da Avenida da Liberdade e quarteirões definidos pelo plano de Ressano Garcia, tem neste sector existem áreas terciárias com maior expressão, áreas mistas e área verde de utilização mista.
No sector B que concerne a encosta da Avenida da Liberdade existe área histórica habitacional, área verde de utilidade pública e sub-unidades operativas de planeamento e gestão sendo as marcas com maior expressão.
A norte do plano urbano existem com maior expressão bens de valor patrimonial relevante, enquanto que a sul do plano destacam-se bens de valor patrimonial elevado, sendo a mancha mais relevante na malha urbana é o Jardim Botânico.



 Vista sobre a Baixa (http://mjfs.wordpress.com/category/lisboa/page/4/)


Colina do Castelo

A Colina do Castelo constitui um núcleo de referência urbano do ponto de vista histórico, pode-se considerar aquela área como a génese de Lisboa, núcleo onde a cidade começou-se a erguer, apresentando vestígios das sucessivas ocupações no seu território. Constitui ainda um traçado medieval, que sobreviveu aos terramotos que afectaram a zona. Actualmente é uma área das mais típicas de Lisboa constituída maioritáriamente pela Mouraria e por Alfama.
Morfologicamente, trata-se de um sistema urbano com ruas estreitas, becos e miradouros que graças à sua implantação na encosta permite uma vasta contemplação da cidade e do rio, única com panoramas inesquecíveis.
É um espaço que proporciona o lúdico, com restaurantes típicos, casas de fado, tabernas, igrejas que contam a conquista cristã, coabitando com o complexo habitacional existente.
Estes bairros típicos são extremamente multiculturais, com ambiências únicas, pois ali se fixam comunidades variadissímas.
São os recantos, os edifícios, as escadinhas, as portas, os vestígios arqueológicos, os percursos que abrem em direcção a largos, os panoramas, a peculariedade, o cheiro ao antigo, as texturas, as gentes que fazem da Colina do Castelo um espaço privilegiado no que toca a atractividade, brindada no topo com o Castelo de São Jorge e nas entrelinhas das suas ruas a Sé de Lisboa e os vestígios do Teatro Romano, culminando no Panteão Nacional, factores suficientes que a tornam exclusiva no panorama internacional, povoada mais por forasteiros do que por portugueses, é clara referência no turismo.
Como grandes referenciais arquitectónicos embora representativos de épocas díspares, estão presentes o Castelo de São Jorge e a Sé de Lisboa, que coabitam neste emaranhado urbano, são os elementos urbanos responsáveis pela fixação na sua proximidade.
O Castelo de São Jorge é um edifício classificado como Monumento Nacional e faz parte de uma fortificação, integrante da arquitectura militar, o Castelo é um equipamento pertencente à Alcaçova, implantado no mais cume alto da cidade, o castelo tem uma planta quadrangular com de 50 metros de largura, com uma torre adossada, o Castelo integra ainda as onze torres, uma localizada a meia encosta, designada por torre da couraça.



Castelo (http://arrakis-melange.blogspot.com/2010/09/castelo-de-s-jorge.html~)


Tal como o Castelo a Sé de Lisboa é um edifício pertencente ao período Românico, encontra-se praticamente igual àquilo que era na idade média. É de referir que simultaneamente à sua originalidade é notoriamente falso porque sofreu diversas intervenções ao longo do século XX, é considerado o mais emblemático edifício Românico em Portugal, foi construído por D. Afonso Henriques, celebrando a conquista de Lisboa, simbolicamente edificado sob a mesquita muçulmana.
A fachada do edifício é representativa do Românico português, possui um óculo gótico (rosácea), remete ao período gótico, tem duas torres sineiras de carácter militar, com ameias na cobertura, derivadas da estrutura militar, não tem abertura para as naves laterais. Nas torres as aberturas tratam-se de seteiras que conjuntamente com o pórtico, é um edifício forte e imponente, com uma grande robustez muito ao gosto dos edifícios portugueses.
O seu interior é composto por três naves, e a nave central tinha o pé direito da Sé e as naves laterais tinham pisos por cima do trifório.
No século XVIII o edifício foi profundamente alterado, onde se criaram varandas e grandes janelas, esta Sé foi alvo de um restauro pelas ideias de Viollet Le Duc, onde defendia que os edifícios deveriam voltar à sua forma original.
O arquitecto Fussini comandou o restauro durante 40 anos, conseguiu reabilitar a Sé até à sua forma original retirando tudo o que não fosse medieval.
Actualmente a Sé é um ícone do itinerário turístico é um edifício notável que conta a história de Lisboa, é claramente um elemento articulador do emaranhado urbano de traça medieval.



Sé de Lisboa (www.cm-lisboa.pt)

Bairro Alto


Neste núcleo central de Lisboa o Bairro Alto pertence ao grupo de bairros típicos lisboetas, em tempos era denominado por Vila Nova dos Andrades, encontra-se delimitado pelas ruas do Século, da Misericórdia, D. Pedro V, Loreto e pelo Largo do Chalhariz, o bairro encontra-se nos territórios da freguesia da Encarnação e de Santa Catarina.
Relativamente aos quarteirões foram projectados e edificados no século XVI, sendo loteados fora das muralhas fernandinas. O Bairro Alto é a primeira grande intervenção urbanística renascentista em Lisboa. O bairro tem um carácter geometrizado com uma estruturação recticulada, só com ruas sem praças ou largos. A sua malha ortogonal desenvolveu-se de Norte para Sul e de Este para Oeste, não respeitada devido às diferenças altimétricas que foram surgindo.
Lamas (2010, p.190) refere “A regularização dos traçados define um conjunto de quadriláteros subdivididos em lotes (...) Bairro Alto é já diferente da Lisboa medieval (...) progresso nas regras de composição espacial.”
O Bairro Alto agregou nos seus edifícios as sedes de grandes jornais e tipografias durante os séculos XIX e XX, ainda constam vestígios na toponímia, como a Rua do Século e a Rua do Diário de Noticias. É povoado pela elite cultural de Lisboa.
Actualmente o Bairro Alto é a referência da diversão nocturna, de diversificada escolha desde os bares, restaurantes e casas de fado, é um bairro pitoresco e único no tecido urbano de Lisboa. Apesar das problemáticas relacionadas com a criminalidade é um lugar apelativo a todas as gerações com divertimentos que respondem às necessidades de cada geração.
Os edifícios do Bairro Alto são alvos de reabilitação mantendo o seu traçado original.
O edifício de referencia é a antiga sede do Diário de Noticias e posteriormente a sede do jornal “A Capital”.   
O piso térreo dos edifícios é ocupado pelos mais variados tipos de comércio, virados muito para o âmbito multicultural do bairro.
Para o bem e para o mal o Bairro Alto é um ponto de referência para quem visita a capital.



Bairro Alto (LAMAS, José M. Ressano Garcia, Morfologia Urbana e Desenho da Cidade, 5ª edição, Fundação Calouste Gulbenkian)


Baixa Pombalina


A Baixa Pombalina, plano urbano de maior relevância, resulta como resposta à catástrofe de 1755, cujo centro da cidade foi o mais devastado, com a destruição de seis hospitais e inúmeros palácios, inclusive o Palácio Real.
O Secretário de Estado colocou em marcha o plano de reconstrução de Lisboa, aprovado em 1758, projectado por Eugénio dos Santos e Manuel da Maia, a Eugénio dos Santos competiu-lhe e tarefa de desenhar as fachadas-tipo dos quarteirões da Baixa, assim como dos edifícios que circundavam a Praça do Comércio, onde se localizaram os edifícios do Governo, da Justiça, da Bolsa do Comércio e da Alfândega.
No que toca às fachadas dos edifícios do Rossio foram projectadas por Carlos Mardel.
A Baixa Pombalina é uma obra grandiosa no panorama do urbanismo Europeu é uma das mais elevadas realizações de Portugal, inédita no seu território, sublinhando a separação da cidade medieval da cidade barroca.
À data de 1760 foi elaborado um plano de melhoramentos para a zona portuária pela mão de Carlos Mardel.
Em 1764 foi projectado e executado o Passeio Público que originou posteriormente a Avenida da Liberdade, tratava-se de um espaço ajardinado que alterou profundamente os hábitos lúdicos dos lisboetas. Mais tarde em 1792 foi aberto ao público o Teatro de São Carlos, revelando um neoclassicismo pela mão de José da Costa e Silva.
Todos estes equipamentos contribuem para o prolongamento do conceito e do espírito da Baixa Pombalina que contribui de forma inovadora para uma nova forma de habitar o espaço urbano da cidade.
O pensamento de Manuel da Maia ao reflectir num plano de reconstrução para a Baixa divergia entre a reconstrução da cidade no mesmo lugar ou num lugar totalmente novo, em que se optou pela primeira hipótese.
Inúmeros planos foram elaborados resultando em algumas plantas, cuja aprovação remeteu-se à planta nº5 de Eugénio dos Santos, de grande inovação e pragmatismo, comporta um traçado regular enquadrando o Terreiro do Paço e o Rossio, sendo considerados como os núcleos geradores da malha urbana.



Baixa Pombalina (FRANÇA, José-Augusto, Lisboa: Urbanismo e Arquitectura, Livros Horizonte)


Santos (2000, p.63) “São preservadas as duas principais praças tradicionais, (...) e uma malha em quadricula é criada para ligar e articular estes dois espaços. A Praça do Comércio adquire o seu carácter monumental”.
O plano começou-se a executar com a implantação dos arruamentos da Baixa, e o melhoramento das ruas que se direccionavam para o Bairro Alto.
As três ruas principais são a actual Rua do Comércio, Rua do Ouro e Rua Augusta que fazem a ligação entre o Terreiro do Paço e o Rossio, são as ruas nobres do plano urbano da Baixa, têm 13,2 metros de largura acrescido de 2,2 metros para passeios.
A Rua da Costa é uma das ruas principais apresenta a mesma largura que as anteriores descritas, porque também tem inicio no Terreiro do Paço.
As travessas apresentam dimensões mais reduzidas, têm 8,8 metros acrescidos aos 2,2 metros para passeios de um lado e de outro, no que concerne às fachadas seriam providas de janelas nos andares acima do piso térreo.
As igrejas deveriam ser reconstruídas nos seus lugares de origem.
A cada rua era atribuída uma função específica, tradição anterior ao terramoto, sendo que as funções eram hierarquizadas, ou seja, nas ruas principais estariam as actividades nobres, enquanto que nas outras teriam outras actividades secundárias.
A Rua do Comércio estava destinada à comercialização das louças chinesas, a Rua Áurea era conferido o comércio de ouro, a Rua Augusta comercializava as sedas e as lãs, a Rua Bella da Rainha, actual Rua da Prata destinada aos ourives da Prata e Livrarias, e a actual Rua Nova da Princesa, a antiga Rua dos Fanqueiros sitio dos comerciantes da fancaria e quinquilharia, relativamente às ruas ditas secundarias eram denominadas consoante os artífices locais e os santos padroeiros, tais como, a Rua dos Sapateiros, a Rua dos Douradores, a Rua dos Correios, a Rua de São Nicolau, a Rua de São Julião, a Rua da Assunção, a Rua da Vitória, a Rua da Madalena e a Rua de Santa Justa.
O Plano traçado por Eugénio dos Santos inclui a Baixa e o melhoramento da área ocidental definida pelo Chiado e o delineamento da área ribeirinha. O plano tem se mantido constante apenas com particulares alterações com a criação da Praça da Figueira bem como a localização de algumas igrejas.
A poente o plano teve que seguir um traçado adaptável às encostas, onde se mantém um grande quarteirão que resistiu no terramoto. Opostamente, a nascente o traçado medieval mantém-se na encosta do Castelo culminado na Rua da Madelena, rua que faz a transição entre o tecido medieval e o tecido pombalino.
O plano urbano obedece a uma hierarquia, o quarteirão é o elemento urbano que incorpora a gestão hierárquica, as principais, as secundárias e as travessas, enfatizada pelo desenho das fachadas, que foram pensadas consoantes as ruas ou praças em que se inseriam, pois cada espaço urbano teria uma função especifica.
Para os edifícios das ruas principais as fachadas incluíam um piso térreo que albergaria lojas que se prolongavam numa sequência de portas, sendo que o primeiro piso era o piso nobre, possuindo varandas com guardas de ferro, os outros dois pisos apenas teriam janelas e o edifício finalizava com um telhado com águas-furtadas.
O desenho das fachadas dos quarteirões, devem respeitar a largura de cada frente defenida por um modulo base.
As áreas relativas aos lotes eram diversificadas respeitando as áreas dos lotes anteriormente ao terramoto, o que não interfere na continuidade das fachadas relativas aos quarteirões.
As fachadas refletem uma grande continuidade, tal que nas ruas secundárias e travessas as fachadas eram semelhantes, mas mais simplificadas, ao contrário das fachadas da rua principal, não existem varandas, apenas são incorporadas janelas.
O quarteirão é claramente a unidade base que organiza o espaço urbano do plano conjuntamente com as ruas.
Consideram-se três tipos de fachada, uma tipologia que constitui vãos com as cantarias recortadas, em que o arco do vão referente ao terceiro andar possui a pedra de fecho encastrada na cornija, as varandas do primeiro andar elaboradas com pedra e com guardas em ferro, que se refere às ombreiras de pedra, estas descem para baixo do parapeito, as águas-furtadas são providas de elementos decorativos, bem como uma faixa entre o primeiro e segundo piso. A segunda tipologia apresenta cantarias que não são recortadas, têm varandas no primeiro piso, sem faixa central nem elementos decorativos, a pedra de fecho aparece pontualmente. A última tipologia só possui janelas nos pisos acima do rés-do-chão, não têm varandas, e as janelas têm uma geometria simples, de tal forma que o arco dos vãos desaparece no terceiro piso.



Modulos e fachadas dos edifícios pombalino (SANTOS, Maria Helena Ribeiro dos, A Baixa Pombalina: Passado e futuro, Livros Horizonte)



Assim se estabelece as diferenças entre as tipologias pombalinas, a mais se acrescenta que nos desenhos dos vãos do piso térreo surgem algumas alterações devido a intervenção posterior por causa das montras das lojas.
O projecto ao longo do seu decurso teve algumas evoluções sendo que a versão inicial propunha a construção de três pisos e sótão, a partir do século XIX introduziram-se mais um andar, o quinto piso surge sobre a cornija incorporando uma varanda corrida da largura da fachada.
Outras alterações foram introduzidas a nível da cobertura, tornando-a mais inclinada.
Actualmente, a Baixa pombalina está classificada como imóvel de interesse público, importantíssimo do ponto de vista urbano, graças à paisagem urbana que cria.
A baixa possui características únicas para ser denominada como tal, a baixa fixou-se num vale cercado por colinas, assentes sobre uma plataforma construída, a noção de vale é importante enunciar como um enorme precursor da paisagem urbana.
Santos (2000, p.113) “Preservar-se-ão assim as vistas privilegiadas do centro para o Castelo (...) ou o mais recente elevador de Santa Justa, bem como as esplêndidas e magnificentes panorâmicas”.
O telhado e a quadricula estruturada pelo plano urbano são as imagens de marca da Baixa Pombalina, com as suas perspectivas direccionadas para a sua magnânima praça, o Terreiro do Paço, desencadeando-se no rio, e também as perspectivas das ruas transversais que culminam no Castelo.
A Baixa engrandece-se com a presença do Chiado, que foi alvo de um incêndio devastador, onde a “Grandela” e os “Grandes armazéns do Chiado” foram destruídos, sitos na Rua do Ouro e na Rua do Carmo, respectivamente. Face a este acontecimento catastrófico resultou num plano de renovação onde se tentou manter a antiga morfologia arquitectónica e urbana, projecto do arquitecto Siza Vieira.
A manutenção dos edifícios pombalinos é um factor importante para a sua conservação, apesar da difícil substituição das infra-estruturas, apesar disso estes edifícios têm optima resistência e qualidade construtiva, possui um sistema assente sobre estacas com uma estrutura em gaiola feita em madeira e preenchida com alvenaria, com propriedades anti-sísmicas.  
Os elementos constituintes da gaiola são o frenchal, o prumo, o travessanho, a verga, o frenchal superior, o contra-frenchal, a mão, o pendoral e a travadoura, esta estrutura obedece às paredes estruturais é suficientemente elástica para resistir aos sismos.
As analises do estado de conservação dos edifícios é um exercício fundamental para prolongar o seu tempo de vida útil.


Avenida da Liberdade


Ainda no centro de Lisboa surge a Avenida da Liberdade que tem na sua origem o Passeio Público.
A decisão de fundar o Passeio Público foi um gesto simbólico que reforçava. Aparentemente o Passeio Público, intencionalmente gradeado a toda a volta, era um gesto retrógrado em relação à animação da Praça do Comércio e do Rossio que se tornara o centro da vida comercial mais qualificada da cidade. Segundo descrições da época, era um rectângulo alongado, cercado por um muro alto com quinze janelas gradeadas, tendo cada uma dois assentos de pedra; a fachada do lado norte apresentava também um muro gradeado e, a sul, a entrada era uma espécie de tapume em madeira.
Tem fortíssima carga simbólica o facto de ser o lugar de excelência da convivencialidade da cidade burguesa. Se assim se anunciava o teor laico de uma sociedade, havia, sem contradições, também uma dose de rito, mesmo de religiosidade, que penetrava naquele espaço de natureza aprisionada.
O essencial das obras então realizadas, dirigidas pelo arquitecto camarário Malaquias Ferreira Leal, consistiu na demolição do gradeamento antigo, de sentido muito conventual, e a sua substituição por um muro de cantaria prolongado por novas grades, a 4 de Abril de 1838 é inaugurado.
No interior, o jardim dividia-se em quatro quadras, tendo ao centro um lago com alto pedestal sustentando uma bacia no meio da qual se erguia uma pinha onde despontava o repucho.
Entrava-se depois no bosque anunciado pelas estátuas do Tejo e do Douro, e dividido em treze ruas longitudinais e trinta e duas transversais, sendo que o espaço entre as árvores colmatado com bancadas de buxo e louro. Neste percurso havia ainda mais quatro lagos pequenos, de forma circular, decorados com pirâmides e paredes de buxo.
A partir do meio do século, o Passeio teve também noites de glória, proporcionadas pela recente Companhia de Gás que aí realizou, em Agosto de 1851, as primeiras e mais famosas iluminações, e com os resultados obtidos pensou fundar-se novo Asilo de Mendicidade.
Nos anos seguintes, o Asilo de Mendicidade obteve da Câmara autorização para abrir em várias noites de verão o Passeio, que apresentava-se repleto de diversões atraindo gente e permitindo elevados lucros, mesmo assim aquém das expectativas.
A cidade regrada e contida herdada de programação pombalina, que tinha o seu único descentramento urbano no bairro do Chiado, começava a ampliar-se mas o Passeio Público encontraria uma forma perversa de sobrevivência, anulando-se ou, melhor, abrindo-se em mais amplo e livre boulevard.
A Avenida da Liberdade é o resultado de uma estratégia urbanística precisa, da responsabilidade de Frederico Ressano Garcia, para quem representou sempre não uma realização autónoma mas o inicio de um projecto global de expansão aprovado em 1888 e de que resultariam as Avenidas Novas de Lisboa.
Em 1877 foi aprovada a enorme avenida do Rossio a S. Sebastião, o projecto havia sido corrigido, integrando o Passeio Público como primeiro troço do Boulevard e alargando significativamente as faixas de circulação.
Na última década do século, a Avenida da Liberdade instalara-se já nos hábitos e nos mitogramas da cidade que nela via não um eixo expedito da civilização mecanizada mas apenas um Passeio Público, mais amplo, mais belo e ostensivo, que alargava os rituais do cosmopolitismo.
Em 1878, Lisboa sofrera uma operação urbanística das maiores consequências, com a abertura da Avenida da Liberdade. Este estava pensado desde 1859, quando, ainda utopicamente, o presidente da Câmara falara numa ampla alameda evocativa da grandiosidade lisboeta, e sobretudo em 1863 quando se sugerira na Câmara uma via que ligasse o Passeio a S. Sebastião da Pedreira, porque era naturalmente ali que a operação devia ser realizada.
Em 1870, um projecto do engenheiro camarário B. Dejante, três anos depois outro, do arquitecto municipal Parente da Silva, foram as datas seguintes que, em Agosto de 1879 se completaram, com o início das obras, que era também o começo da demolição do Passeio Público.
O Valverde, que fora em parte ocupado pelo Passeio Público setecentista, estendido a Noroeste, entre as colinas da Cotovia e a de Sant’Ana, apresentava-se como um eixo de penetração na cidade, e pensou-se em levar o novo “boulevard” até S. Sebastião da Pedreira senão até ao Campo Grande de Alvalade.
Um projecto do coronel engenheiro Miguel Pais, em 1885, fazia-o chegar à Circunvalação, junto à cadeia penitenciária então terminada.
A Avenida da Liberdade deteve-se, porém, após um curso de 1276 m, numa rotunda distributiva de 200 m de diâmetro, que seria consagrada a Marquês de Pombal.
A Avenida corria paralela às ruas ocidentais que conhecemos, na direcção de S. Sebastião, cortava a Praça da Alegria-de-Baixo, eliminando-a, e a Rua do Salitre, e ia gerar dois bairros novos. Um deles nasceu, a poente a caminho do Rato e S. Mamede, com uma rua principal dedicada a Alexandre Herculano.
Depois da Reconstrução pombalina, pela primeira vez se criavam ruas novas em Lisboa, inteiramente inventadas, fora de qualquer sujeição a sítios tradicionais que elas atravessavam numa indiferença moderna, cortando a direito em nome do progresso.
Assim, em 1893, Fialho de Almeida, veria a Avenida como um arruamento provido de cantaria, e com um eixo repleto de casarões saloios monumentais, e ainda em 1914, Ramalho lamentaria que os prédios fossem desprovidos de uma homogeneidade. Por todo o lado, na cidade que se animava, os prédios de rendimento tinham idêntica e medíocre aparência, que sucedia à tipologia pombalina abastarda pelo romantismo e a pequenas construções ainda de lembrança meio rústica, como vimos. Como acontecerá a seguir com as Avenidas Novas, os prédios foram-se erguendo, ora segundo tipologias do palacete do meio do século com dois andares, ora numa vontade de rentabilização que os fazia subir a quatro ou cinco andares. Nenhum fachadismo estruturante foi também imposto, multiplicando-se os signos de uma estética eclética que cobria mal a pobreza acentuada dos investimentos. 
Fialho de Almeida, com a sua característica acutilância foi das primeiras vozes críticas a manifestar-se alegando que aquele modo de reconstrução foi isolado, e que ninguem tinha a clarividência de reedificar Lisboa na totalidade, apenas construir uma alameda ladeada de uma diversidade de edificios altos com mais de cinco pisos.
Tinha uma razão fácil Fialho de Almeida que a História não lhe pode contestar embora, à dimensão das possibilidades económicas, sobretudo culturais, da cidade, a Avenida da Liberdade apresentasse algumas marcações arquitectónicas relevantes, sobretudo nos requintes, artesanais ainda, dos trabalhos de cantaria, estuque, ferro e marcenaria que, empenhadamente, representavam a democratização de uma sociedade mal defendida da crise do final do século.
Os planos de Ressano Garcia em 1888  articulados com os que tinham sido mais empiricamente tratados quando do sonho-realidade da Avenida, assumem uma maior importância em termos de urbanismo e de arquitectura da época. Eles encaminharam-se para um plano geral de melhoramentos da cidade.
Tratava-se afinal, ao fim do século, de completar o que os arquitectos pombalinos tinham feito e querido fazer, nos dois planos extensivos da cidade traçados para nascente e poente, para além da Baixa realizável.
O plano de urbanização começado a estudar em 1938 foi definido sob a directa autoridade e graças à energia de Duarte Pacheco, presidente da Câmara, que chamou como consultor o urbanista E. de Gröer, presente de 1938 a 40. Uma outra cidade começou a nascer ali, como projecto ordenador, corrigido e melhorado durante os anos quarenta, uma nova etapa após a pombalina e a dupla etapa da Avenida e das Avenidas Novas.
Desta época é característico o erigir de edificações que assumem um papel importante no espaço cosmopolita e principalmente na Avenida da Liberdade, começando pelos cinemas que se espalharam pela cidade, em especial o S. Jorge de Fernando Silva, que deram a Lisboa a imagem, já um tanto passada nas capitais estrangeiras, da grande sala de cinema internacional, pondo, como centro da cidade, e em face do “Tivoli” de 1924 e acima do “Éden” de 1937, o ponto final de certos hábitos citadinos que o viver seguinte, desde a década de 70, banalizará. A estes juntam-se uma meia dúzia de edifícios de boa qualidade arquitectónica tal como a sede do Diário de Notícias de 1940 da autoria de Pardal Monteiro, também de sua autoria o Hotel Tivoli dos anos 50, ou o Hotel Vitória de 1936 de Cassiano Branco, sem esquecer os edifícios de Norton Júnior na Avenida.
Correspondendo a um estatuto de Centro de Lisboa, a Avenida tem-se sedimentado como um grande palco gerador de ideias, transformando-se numa plataforma do imaginário constituído por inúmeros planos e projectos, tornando-se matéria de estudo dos arquitectos e urbanistas.
A Avenida surge como um facto urbano per si, assumindo-se como um elemento primário estruturante no desenho da cidade, comportando uma certa intemporalidade no processo de transformação urbana de Lisboa, que lhe confere identidade própria numa primeira leitura apenas e só pelo significado dos seus espaços públicos onde coexistem as várias escalas da cidade, numa lógica transversal e interactuante.
A Avenida da Liberdade preserva nas faixas centrais a preexistência do Passeio Público, este mais do que uma memória perdida no tempo, determinou, com a sua dimensão de 300 por 90 metros, o generoso perfil da Avenida e assegurou a vocação das actuais faixas centrais como espaços de lazer arborizados. Esta arborização confere identidade à Avenida porque lhe garante uma escala humana, quer pela sua forma quer pelo seu conteúdo.
Introduzindo e mantendo a arborização no espaço urbano, a Avenida da Liberdade garante a convivência de duas escalas, a escala humana e a escala da metrópole, a primeira, absorvida por uma necessidade de identificação com o lugar, tem sobrevivido ao progresso da segunda, dominada pelo funcionamento da circulação automóvel. Este convívio de escalas faz com que se mantenha a identidade da Avenida da Liberdade, apesar de desaparecidas obras de arquitectura notáveis, da falência recorrente das lojas que se vão substituindo e de horas infernais passadas no trânsito.
A Avenida da Liberdade mantém a sua identidade como espaço público, lugar para circular, mas nem tanto para estar, ou desfrutar. Tem-se optado por um funcionalismo em detrimento de uma identidade. É certo que sem funcionalidade a cidade não sobrevive, mas limitando-se a ela transforma-se num doente com funções vitais garantidas através de máquinas, sendo, contudo, incapaz de comunicar, e é assim que vemos hoje a avenida, um espaço “doente”, com grande potencial urbano, esquecido nas memórias de outros tempos, tempos em que o comércio de rua, dito tradicional era rei, e onde as pessoas na verdadeira acepção da palavra podiam sentir a cidade e os outros, numa proximidade quase íntima, rica em troca de histórias.
O momento parecia assim chegado de impor alguma ordem na vida urbana de Lisboa, e em 1926 a Câmara Municipal nomeou uma comissão para estudar um plano de conjunto. Dos seus trabalhos resultou a necessidade de fazer vir um famoso urbanista francês, J. C. Forrestier.
Em 1932, o arquitecto Cristino da Silva apresentava planos de fôlego, em relação aos anteriormente apresentados por Fialho e Ventura Terra. Em equação encontrava-se o prolongamento da Avenida da Liberdade, com arranjo do seu parque cimeiro, defrontando-se duas teses, de prolongar ou fechar no seu parque o alto da Avenida.
O parque, atravessado por uma encruzilhada de avenidas que levariam a Monsanto, a Carnide, ao Lumiar e ao Campo Pequeno, era uma hipótese que higienistas apoiavam, e Forrestier corrigiu tecnicamente.
Obras menores, visando a encerrar o espaço, foram no entanto levadas a efeito pela Câmara, com prejuízo do projecto desejado que pode ser retomado por Cristino e oficialmente aprovado em Outubro de 1932.
Em 1936, o então Parque Eduardo VII torna-se palco de exposições temporárias, na sequência do I Congresso da União Nacional e é marcado com o Palácio das exposições Paulino Montês noticiado pelo “Diário de Lisboa.
A escala urbana e o redesenho daquele trecho da Cidade, voltaram rapidamente a ser notícia municipal com a proposta de Keil do Amaral, apresentada na reunião da Câmara em Novembro de 1945. A este plano seguiu-se, com carácter mais abrangente, o Plano de Gröer em 1948, numa lógica de macro-escala, tendo mais tarde, em 1955, Ribeiro Telles executado o Projecto de Arborização e Ajardinamento da Avenida, sucedendo os notáveis esquiços e apontamentos desenhados de Faria da Costa em 1957.
A Câmara emitiria em 1992, um artigo “Plano de Pormenor Alto do Parque Eduardo VII”  na publicação “ A Estratégia e a Prática do Planeamento Urbanístico em Lisboa”, onde enfatiza a potencialidade do Parque Eduardo VII.
A materialização do Parque Eduardo VII assenta numa sedimentação de ensaios e memórias onde várias gerações de urbanistas e arquitectos deixaram os seus testemunhos. É nos apresentado um espaço que de longe satisfaz as necessidades da população lisboeta, sedenta de espaços verdes de qualidade. Desfrutando de localização de invejável centralidade, não se percebe o porquê de continuar como um espaço expectante, descaracterizado e de pouca utilidade, considerando-se como um “tecido morto” existente na cidade, à espera de uma revitalização eminente, apoiada em pressupostos de conformidade ambiental, espacial e lúdica, oferecendo uma mais valia à população cosmopolita lisboeta.  



Vista sob a Avenida da Liberdade (http://portugal.org.pt/os-melhores-locais-para-comer-na-avenida-da-liberdade/)


Teatro Éden
Dos grandes edifícios da Avenida da Liberdade destacam-se o Teatro Éden que é uma obra grandiosa do inicio da arquitectura moderna portuguesa, no final da década de vinte, localizado na importante Praça dos Restauradores.
O desenrolar do projecto em 1929, começa por uma reformulação do edifício pré-existente devido às mudanças espaciais das salas de espectáculo. Cassino Branco iniciou o seu projecto dentro de um espírito Art Deco, inconsequente, o autor novamente debruçou-se sobre o projecto onde reformulou o modo de intervenção um projecto definido de raiz com uma traça rígida e imponente em 1930, um edifício de um pragmatismo monumental, alcançado um projecto final em 1931. O projecto final é depurado de decoração supérflua, que aponta para uma estética futurista.
A monumentalidade do projecto leva a incompatibilidades com o cliente, Cassiano foi substituído por Carlos Dias que reformulou o projecto reduzindo a escala, tornando-se o projecto que origina a obra edificada em 1933, apesar das modificações ao projecto de Cassiano, o edifício é soberbo, possui um átrio com escadarias cruzadas representando uma grande leveza espacial, são notórias caixas salientes de ferro e vidro. O Teatro Éden é das obras mais emblemáticas portuguesas.



Teatro Éden (www.en.wikipedia.org)


Cinema São Jorge


O Cinema São Jorge foi construído entre 1949 e 1950, com fundos luso-britânicos, era propriedade da distribuidora Rank Filmes. Trata-se de um projecto de Fernando Silva. Tinha a lotação de 1827 lugares, sendo 913 na plateia e 914 no balcão. Nos seus primórdios durante os intervalos tinha um orgão eléctrico de cinema elevatório que era tocado por Gerald Shaw. Em 1982 foi dividido em três salas independentes. A sua administração passa para a Paramount e Universal a partir de 1985. No ano 2000 o seu título de propriedade transitou para a Câmara Municipal de Lisboa. A sua construção arrojada para a época levou-o a receber o Prémio Municipal de Arquitectura em 1950.



Cinema São Jorge (Fotografia própria)


Coliseu dos Recreios


O Coliseu dos Recreios que apesar de não estar incluido na Avenida da Liberdade, o Coliseu tem bastante importância para o espaço urbano da Avenida. O coliseu abriu ao público em 1890, pertencente ao periodo da arquitectura do ferro, pouco disseminada em Portugal à data, apresenta uma cúpula em ferro e um diâmetro de 50 metros proveniente da Alemanha, uma cúpula notável, a cobertura também é em ferro e é colocada no ano de 1889. O projecto é dos engenheiros Goulard e Manuel Garcia Junior, a fachada do edifício é do arquitecto Cesane Lanz, com três pisos com decoração que engrandece a monumentalidade do edifício.
O Coliseu é uma sala popular que alberga diversos tipos de espectáculo como ópera, teatro, líricos entre outros.
Eduardo Machado grande cenógrafo lisboeta, foi responsável pelo palco que obtém 40 metros de profundidade e 18 metros de largura. A cúpula foi colocada sob um octógono em alvenaria.
Com o desgaste do edifício foi necessária uma intervenção para melhoramentos, a fachada foi tratada, os portões gradeados foram alterados e foram colocadas portas de vidro, o átrio foi aumentado através do alargamento da área das bilheteiras, foi introduzido um elevador, o bar do primeiro andar foi reabilitado. A sala de espectáculos foi modificada e deixou de ser constituída por degraus. A estrutura da sala foi profundamente alterada,  existindo lugares individualizados com cadeiras consoante a disposição para os diversos espectáculos idealizados nesta sala de espectáculos. Relativamente ao tecto da sala foi introduzido um grande globo central. A sala passou a ter uma ambiência cinzenta e com alguns apontamentos de cor azul. O palco foi alvo de muitas modificações.



Coliseu dos Recreios (www.viagenslacoste.blogspot.com)


Teatro Tivoli


O Teatro Tivoli está classificado como imóvel de interesse público, ergueu-se em 1924, projecto do arquitecto Raul Lino, o Tivoli foi programado para exibir as grandes obras cinematográficas em ascensão à data da sua edificação, bem como a apresentação de grandes peças teatrais, passou por vários proprietários caindo no decadentismo fechando por algum tempo, reabriu no final do século XX, sendo alvo de reabilitações.
A época da edificação do Cine Teatro foi um período de ascensão do modernismo, o Tivoli foi projectado à luz das concepções Neoclássicas, assentes numa geometria que vinca essa influência. O Cine Teatro enquadra-se no quarteirão que o seu lote pertence tendo uma escala proporcional, apresenta uma planta quadrangular constituída por geometrias díspares entre si. A cúpula é um elemento notável no edifício que permite a entrada de luz zenital enaltecendo a sobriedade interior característica de Raul Lino. Existe um frontão clássico triangular apoiado em pilastras encastradas na parede, características de um estilo Neoclássico evidente.



Tivoli (www.viva-agenda.com)


Hotel Avenida Palace


O Hotel Avenida Palace também é um edifício notável, o  projecto deste edificio é do arquitecto José Luis Monteiro, datado dos finais de século XIX, é um edificio notável, objecto das mas vanguardistas inovações para a época, com uma concretização de elevada qualidade. À data da Belle Époque era considerado um dos hotéis de excelência no panorama europeu.
O hotel foi submetido a diversas intervenções ao longo dos tempos, sendo actualizado  e renovado. O edifício ostenta uma arquitectura luxuosa, palco das mais diversas personalidades mundiais.



Hotel Avenida Palace (fotografia própria)


Edifício do Diário de Noticias


Também notável é o edificio da Diário de Noticias é uma obra do arquitecto Pardal Monteiro, recebeu o Prémio Valmor no ano de 1940, e está classificado como imóvel de interesse público. É um edificio com seis pisos e cave, desenhados numa planta rectângular, com pátios interiores tornando o edifício dinâmico.
O edifício possui uma fachada sóbria feita em pedra, ostenta também uma torre rasgada com vãos. O primeiro piso tem duas portas complementadas por palas, e com grandes aberturas.
A fachada apresenta vãos simples rodeados por um sistema de pilares e molduras que na cumeeira suportam a uma consola. O edifício finaliza com um terraço coberto. A fachada posterior ostenta grande sobriedade, o primeiro piso tem portas e nos pisos acima janelas, possui uma cornija arquitravada.  Este edifício é um dos mais relevantes e conhecido pertencente ao legado arquitectónico da Avenida da Liberdade.



Edificio do Diário de Noticias (fotografia própria)


Parque Mayer


De relevante importância, o Parque Mayer nasceu no início dos «loucos anos 20» com o pressuposto de ser um pólo teatral, o Parque Mayer destacou-se como o centro do teatro de revista e feira popular moderna, escapou à censura de Salazar e Caetano, à rádio e ao cinema, ao futebol, à revolução, à televisão e às telenovelas. É um sobrevivente, embora tenha atravessado várias crises, fixou-se no imaginário nacional como a «catedral da revista», uma Broadway à portuguesa. A suposta decadência não evitou a gula disfarçada de propostas de remodelação urbanística, em crescendo desde finais dos anos 60.
Em 1920, na execução de uma partilha familiar, o Palácio Mayer foi adquirido por Artur Brandão, juntamente com os seus anexos e a área do parque. Este proprietário de seguida, vendeu-o a Luís Galhardo, desta forma constituíu-se a sociedade Avenida Parque Lda, em 1921. Galhardo, individualidade distinguida no meio teatral, mostrou-se interessado em criar um novo local de espectáculos.
A Galhardo associaram-se um grupo de homens relacionados com  negócios. Com a inclusão destes novos elementos constituiu-se a Sociedade Avenida Parque, em 1922 e 1924, com dez sócios, destacando-se Elias Azacot, Carlos Borges, Hipácio de Brion e Alberto Pinto Gouveia. Este último iniciaria em 1928 uma liderança familiar, apesar de partilhada, que continuaria com o seu filho Campos Figueira, o seu neto homónimo e o seu bisneto Artur Gouveia, actual responsável da sociedade sucessora, a Avenida Parque, SA.
Este lugar já era detentor de um carisma lúdico e boémio, pois emglobava o Club Mayer, tratava-se de um clube nocturno de recreio e jogo de grande atractividade, durante o periodo de 1918-1920.
Contudo, a sociedade concentrou-se no Parque Mayer, desfazendo-se do palacete, que foi vendido e reverteu-se no Consulado Geral de Espanha, em 1930.
O parque Mayer foi inaugurado a  15 de junho de 1922, integrando a Feira de Agosto que representava um grande acontecimento lúdico em Lisboa, apesar da feira se fixar em instalações precárias de madeira, estava inserida na zona central e mais movimentada. Inicialmente o recinto designou-se como Avenida Parque, apesar de mais tarde o nome histórico impõem-se.  Com o passar dos anos tranformou-se um popular recinto de diversões ao ar livre, competindo com os grandes recintos deste tipo nas grandes capitais europeias, como Paris, Madrid, Barcelona e Sevilha.
O Avenida Parque conseguir estimular a vivência e o usufruto do seu espaço, tanto como espaço de diversões como lugar de convívio, devido à coexistência de diversos espaços de lazer, tais como, cafés, retiros, tasquinhas, casas de pasto, casas de fado, restaurantes, bares, dancings, cabarets, locais de jogo, etc. A diversidade destes espaços de caracter social originou um pólo de grande dinamismo na cidade.  Ali, se inventaram as marchas, ali actuaram e cantaram os grandes artistas do século XX.
O teatro, só o teatro vai subsistindo ao tempo.
Após a abertura ao público do recinto do parque mayer, logo de seguida inaugurado o teatro Maria Vitória com a revista “ Lua nova”. Em 1986, dá-se um incêndio e o Teatro Maria Vitória é consumido pelas chamas, seria reconstruído e reaberto ao público  em 1990.  Seguidamente, abre o Teatro Variedades com a revista “Pó de arroz” em 1926. Pouco tempo depois foi a vez de entrar em cena o “Capitólio”, em 1931 da autoria do arquitecto Luis Cristino da Silva, que viria a desenhar o pórtico de entrada. Este recinto modernista sucessor da esplanada egípcia, que era utilizado como salão de musica e de espectáculos, presentemente é considerado como imóvel de interesse público. Em 1937, entrou em cena o Teatro Recreio com a revista, “Faça Sol”.
O teatro ABC foi o último a abrir em 1955, com a revista “Haja saúde”, na sua envolvência existem bares, restaurantes e outros espaços de lazer.
Para alcançar o mérito de centro da revista à portuguesa o Parque Mayer teve que concentrar-se quase exclusivamente no teatro de revista, a par disto durante a seu pico de actividade, recebeu óperas, cinema e comédias. Recebeu companhias como a companhia Amélia Rey Colaço. Sobreviveu ao cinema que crescia em Lisboa durante os anos 30.
A designação de catedral da revista foi alcançada progressivamente, visto que, abriu os seus palcos à maior parte da produção nacional de revista à Portuguesa. Até aos anos 60 o parque mayer viveu e vislumbrou, a partir dai começou a perder protagonismo na vida social de Lisboa e a revista começou ter uma vida minima.  Reflexo da mudança de social e do conceito de diversão a ela inerente, talvez seja o principal factor da decadência do Parque Mayer como espaço lúdico e de recreio.



Parque Mayer (Fotografia própria)

Cine-Teatro Capitólio


O Cine-Teatro Capitólio é um edificio de extrema relevância no panorama arquitectónico e na arte da representação, na medida em que foi o primeiro edifício construído em betão na cidade de Lisboa.
O Teatro Capitólio foi inaugurado em Julho de 1931, nove anos depois da abertura do recinto de diversões do Parque Mayer ter aberto ao público. Logo em  1933, foi instalada uma cabina de projecção no terraço para sessões de cinema ao ar livre. O teatro, considerada a primeira grande obra do movimento moderno da arquitectura portuguesa, tem planta rectângular, com dois pequenos corpos paralelepipédicos adoçados. A sala de espectáculos, com proscénio e palco, é dotada de platéia e balcão. Logo em 1935/36, sofreu obras de transformação, supervisionadas pelo próprio Luis Cristino da Silva, autor do projecto. Foi criado um segundo pavimento para balcão, camarotes e “foyers” laterais, houve mudanças no proscénio e no palco, e fez-se a reconstrução da cabina cinematográfica. Na altura, estas mudanças dotaram a sala de quase 1400 lugares.
O edifício actualmente encontra-se devoluto, viria a ser classificado com Imóvel de Interesse Público em 1983. Em 2005, resultado de décadas de abandono, integrou a lista dos cem sítios mais ameaçados do mundo, promovida pelo organismo privado World Monuments Fund, que tem o objectivo de contribuir para a preservação de lugares e edifícios com significado histórico, artístico e arquitectónico de todo o mundo.
O Teatro Capitólio, foi o primeiro grande edifício do movimento moderno em Portugal, foi seleccionado para a lista World Monuments Watch em 2005, a presença nesta lista estimula as autoridades locais a desempenharem um papel activo na protecção e na salvaguarda do património cultural.



Cine-Teatro (www.suggia.weblog.com)



Fundação Calouste Gulbenkian


A localização da sede e do museu da Fundação localiza-se no lugar que outrora foi denominado como Parque de Santa Gertrudes. A intenção dos mentores da fundação debruçava-se na criação de um complexo cultural multidisciplinado em Lisboa com o mote da exposição do legado artístico de Calouste Gulbenkian.
Para uma melhor compreensão da opção Parque de Santa Gertrudes é necessário recuar à sua génese, o Parque é o resultado de uma intervenção oitessentista da Quinta do Provedor localizada nas imediações da Estrada de Benfica. A Quinta do Provedor expandia-se para Sul até às imediações da Quinta de Palhavã, o que revela uma vasta extensão territorial. O Parque de Santa Gertrudes estava encerrado em todo o seu perímetro com um grande e imponente muro. As suas duas portas laterais e a porta principal situam-se sensivelmente no lugar das portas actuais.
No ano de 1884, os terrenos do Parque foram contemplados com o primeiro Jardim Zoológico da cidade lisboeta.
O Parque constituía um pólo de atractividade urbana fazendo com que a cidade se expandi-se para Norte, favorecido também pela estruturação da Avenida da Liberdade no ano de 1879 e o prolongamento das Avenidas Novas contribuíram em muito para a dinamização daquele lugar.
O espaço do Parque era delineado para a vertente de espaço público com a implantação da Feira Popular no ano de 1943, que vem afirmar essa característica na sua génese.
Mais tarde a edificação e a consolidação do complexo cultural da Fundação vincam e reiteram a condição de espaço público de excelência, comparável ao Passeio Público que duzentos anos antes contribuiu com novos conceitos de habitabilidade urbana, hoje a Fundação desempenha esse papel importantíssimo no que toca à implementação de uma responsabilidade cultural aos lisboetas e visitantes.
A génese do lugar e a sua simbologia provem muito da arquitectura e do carácter nuclear que o complexo edificado promoveu àquele lugar, tornando-o dinâmico e inclusivo de novas urbanidades, tornando-se “Um novo lugar na cidade de Lisboa” (Tostões, 2006, p.38).
A eleição do lugar não foi um processo fácil, para iniciar os paradigmas da Fundação esta teve que ser constituída como personalidade jurídica decretada em 1956. Após a legalização da Fundação formou-se uma equipa laboral com os arquitectos Sommer Ribeiro e Sotto Mayor e com o engenheiro João Hipólito Raposo, numa parceria com o Gabinete de Estudos Urbanos, visando a concepção programática para a implantação do Museu.
Como estratégias, presidiam as intenções de demarcação urbana, que preconizava a escolha de um lugar suficientemente capaz de albergar uma grande e inovadora edificação, entendendo que esse lugar teria que corresponder às expectativas da utilidade pública, que levaria à intervenção da Fundação dinamizando o lugar e consequentemente engrandece-se o edifício.
A dicotomia envolta no complexo assente nas ideias da escolha do lugar ideal, e da fomentação de uma presença de alta atractividade cultural, esta dualidade perspectiva uma grande componente urbanística nos alicerces do projecto.
O estudo apontou cinco localizações possíveis para a implantação do complexo, mas congratulando apenas três das cinco opções, o terreno do matadouro, o terreno militar nas proximidades da Rua da artilharia um, e o terreno do Parque Vilalva.
Delineava-se um perfil para o edificio, em que este teria de ser facilmente acessível, mas distante da cidade central, especulava-se uma área coberta de trinta mil metros quadrados e previa-se um crescimento em altura para contemplar os diversos serviços, e tudo indicava que o Museu e as restantes componentes dever-se-iam desenvolver ao nível do piso térreo. O Serviço de Projectos e Obras defendia uma relação de proximidade com a cidade universitária e ligação directa às principais redes viárias da cidade.
O complexo edificado teria que ser dotado de arborização e com a conservação do Parque como constituinte do edificado, tudo aponta para a localização nos terrenos contíguos à Praça de Espanha lugar de acessos privilegiados.
Desta forma em 1957 determinou-se que o lugar ideal de implantação do parecer urbanístico e museologico seria o terreno do parque Vilalva.
A imagem associada à Fundação tinha que ser inerente à sua arquitectura evocando a diferenciação arquitectural.
A Fundação estava disposta a investir num serviço público, oferecer algo a quem visita o complexo, procurando divulgar a Arte e cultivando a proximidade entre os artistas e o público, criando novos talentos, e implementando a educação, de tal modo que a Fundação implementou as bibliotecas itinerantes promovendo a cultura nacional.
Em 1958, a Fundação instalou-se no Parque reutilizando algumas das infra-estruturas da Feira Popular.
As instalações foram entretanto restauradas e Gonçalo Ribeiro Telles foi chamado para idealizar os jardins circundantes, as instalações eram precárias e não conseguiam concretizar os primeiros pressupostos da Fundação, para compensar essa insuficiência foi adquirido o Palácio do Marquês de Pombal em Oeiras, onde a colecção Calouste Gulbenkian foi exposta nesse grande palácio setecentista, as imediações deste palácio foi instalado o Instituto Gulbenkian da Ciência.
A notoriedade internacional era relevante para a projecção da Fundação, logo a programação do complexo cultural passou por uma visão integrada na internacionalização, em que Portugal teria de ser capaz de fecundar a Fundação. A questão do projecto de arquitectura deve ser bem estruturada na questão da autoria.
Em 1959, deu-se  o inicio do projecto que culminou na execução do concurso, sendo que a programação do Museu coube ao arquitecto Sommer Ribeiro e ao engenheiro João Hipólito Raposo, após esta etapa era necessário perceber a estética arquitectónica a adoptar, viabilizada pela escolha do arquitecto capaz da concepção espacial de acordo com a ideia de imagem preconizada pela Fundação, logo foi descartada a hipótese de um concurso público internacional optando por um regime de convite, apontando para a arquitectura portuguesa como resposta sem descorar obviamente a participação internacional.
Relativamente ao “conceito pragmático relaciona-se com uma estratégia definida à escala urbana e refere-se aos pressupostos-base do espaço a edificar. Respeita questões que relacionam o futuro edifício com a cidade” (Tostões, 2006, p.68).
As questões programáticas de um centro cultural em Lisboa definiam a importância da instituição, após uma selecção criteriosa do lugar de implantação, era crucial que o edificado responde-se às questões funcionais e urbanas, contribuindo para a evolução arquitectónica portuguesa.
Optou-se por um concurso a titulo de convite porque a concepção da obra requeria um grande nível de especialização e complexidade, que obviamente resultaria num conjunto de imponente estruturação arquitectónica.
O elemento charneira do complexo certamente seria o Museu que albergaria as obras da colecção Gulbenkian, para difundir a cultura entre os visitantes.
A simbiose entre o edifício e o natural, a iluminação e a acústica são dados fundamentais para a concepção arquitectónica.
O programa do conjunto de edifícios apontava para os seguintes compartimentos, um grande auditório que garantisse uma grande assistência e multifuncionalidade albergando diferentes tipos de espetáculos, uma sala de conferências, salas de reunião e um anfiteatro exterior devidamente integrado com a linguagem paisagística do Parque em consonância com os auditórios. Relativamente ao sistema construtivo apontava-se para uma construção em betão armado, sendo a alvenaria uma componente somente complementar.
O complexo cultural exigia uma atenção especial dos processos construtivos relativos à acústica das construções, a arquitectura tinha que absorver o ruído exterior para não sofrer impactos no interior, de modo a favorecer uma ambiência digna de Museu, esta problemática reflecte-se no lugar de implantação a ser escolhido.
Aberto o concurso foram convidadas três equipas deliberadas pelo Concelho, sendo que o primeiro grupo é constituído por Alberto Pessoa, Ruy Athouguia e Pedro Cid, o segundo grupo composto por, Arménio Losa, Sebastião Formosinho Sanchez e Luis Pádua Ramos e por último, Frederico George, Manuel Cristovão Laginha e Luis Cunha posteriormente substituído por Arnaldo Araújo. Apresentadas as propostas revelam claramente a influência do Movimento Moderno.
Passada a fase de conceptualização a solução premiada foi a de Alberto Pessoa, Pedro Cid e Ruy Athouguia, que propunham um edifício compreendido como um todo de fluidez organizacional, configurando uma óptima circulação pública. A proposta responde efectivamente aos pressupostos do programa. O conceito de centro cultural é inequívoco nesta proposta na medida que atinge uma grande continuidade espacial, na interpenetração do Parque com o edifício.
A inovação do edifício passa em grande parte pela determinação paisagística do Parque que integrou um anfiteatro exterior e lâminas de água ao longo do Parque, arranjos delineados pelo arquitecto paisagista António Facco Viana Barreto que acompanhou o processo conceptual desde o inicio, a sua participação foi determinante.
A edificação concentrava-se na cota mais elevada que configurava a possibilidade de inserção de um piso subterrâneo destinado a estacionamento.
O conjunto edificado desenha-se através de uma hierarquia volumétrica, operando com a rua localizada a Norte, revelando uma grande preocupação urbana.
Foi pensado um sistema de plataformas conjugadas com o desenho orgânico e modelado da topografia.
A intervenção implanta-se com uma certa centralidade relativamente ao Parque envolvida de arborização que precaviam o isolamento da rede viária circundante.
Em toda a proposta está inerente uma atitude que conduzia a uma horizontalidade ancorada ao terreno de intervenção, permissiva de uma continuidade latente ao Parque.
As áreas nobres orientam-se em direcção a Sul, como as salas de reunião e de conferencias, o espaço de exposições temporárias bem como o Museu que tem especial atenção nos rasgos a Sul. A estrutura funcional foi configurada a partir de dois grandes momentos, o do acesso principal e o acesso geral ao complexo edificado, é de referir que o espaço do Museu e da Biblioteca usufruem de acessos independentes ao exterior.
O espaço do Museu requer um grande tratamento pois tem que se articular num todo orgânico com as restantes componentes programáticas, o Museu é o grande núcleo de sociabilidade fazendo a ponte com os restantes espaços culturais, desenvolve-se em dois pisos, grandes espaços que permitem uma grande flexibilidade adaptativa às exposições.
O espaço destinado à Biblioteca numa integração com o Museu, obstante de uma independência das acessibilidades públicas e de serviço, as salas de leitura prolongavam-se para Sul para um dos pátios ajardinados.
Os serviços de secretariado e outros localizam-se situados abaixo da área circulável pelo visitante. No que concerne às salas de reunião e ao auditório coberto estes conjugam-se para idealizar um único núcleo cultural. A relação entre o auditório e a sala de conferências têm como espaços mediadores os foyers.
O Anfiteatro como já foi referido tem um grande valor orgânico capaz de se camuflar na vegetação, este tem dispostas filas de lugares inseridas na vegetação.
O último piso da Sede vislumbram o restaurante, as salas de estar, e dos funcionários.
No ano de 1960, o júri escolheu esta proposta, pois representa convictamente a intenção da criação de uma imagem para a Fundação, definida através do conceito de monumentalidade inovadora da obra, constituindo um passo de gigante para a arquitectura portuguesa.
O processo evolutivo do projecto de arquitectura tornava eminente a definição do arranjo paisagístico do Parque de Santa Gertrudes, congratulando a simbiose entre edifício e a natureza.
A revisão do projecto de arquitectura no ano de 1961 modificou alguns dados do estudo prévio, o auditório aumentou a lotação, o Museu abandonaria a ideia de se desenvolver em dois pisos e passa a delinear-se num único piso, sendo que a Biblioteca passava a integrar-se debaixo do Museu, todas as áreas enterradas eram alargadas, como as áreas de apoio ao Auditório e o estacionamento subterrâneo.
O processo projectual desenvolveu o edificado, procedendo às relações volumétricas e a uma organização dos grandes corpos do edifício assentes no Museu, Sede e Auditório.
A forma do edifício é reflexo da conjectura estrutural que suporta o edifício, em que a estrutura é um elemento evidenciado no edifício representando um aspecto sólido, composta de betão aparente.
Em 1962 é executada a aprovação do projecto, sucessivamente no decorrer da obra as questões formais e técnicas são interpeladas ocorrendo algumas alterações programáticas. Era contudo necessário estabelecer uma área de protecção do Parque, devido ao carácter patrimonial do complexo edificado e natural.
O paisagismo toma contornos relevantes mediante o conjunto arquitectónico, ambos teriam que integrar-se num todo, as coberturas tratadas como plataformas ajardinadas incorporavam o Parque fazendo a transição entre o edifício e a natureza.
As inovações trazidas neste edifício são de tal ordem que o parque de estacionamento possui vãos com vigas de quinze metros, concebidas para resistir às acções permanentes do jardim suspenso acrescido das outras acções é algo único para a época em Portugal.
O espaço central do edifício estabelece as relações entre o auditório, a galeria e as salas de conferência e os pequenos auditórios, é um espaço amplo e é o cerne do complexo edificado.
Os espaços internos são caracterizados por uma relação com a escala humana, dada através de tectos baixos e com uma boa iluminação, tornando-se espaços apetecíveis, providos de escadarias que articulam os espaços, estabelecendo relações imediatas com o jardim.
O edifício da Sede preconizava uma estrutura extremamente complexa, pois tinha enormes vãos a vencer, as lajes têm um papel fundamental na imagem do edifício, a expressão da laje como uma lamina é evidenciada e conseguida com a integração de extensas janelas.
Relativamente ao Museu da Fundação este situa-se a Nascente e possui uma entrada diferenciada da Sede. O Museu consegue alcançar duas cotas distintas a da entrada principal e a cota do estacionamento. O Museu é estruturado com uma matriz rectangular desenvolvendo uma planta rectangular que integra dois pátios interiores que permitem a iluminação do edifício.
O Auditório localiza-se a Sul do edifício relativo à Sede, edificado no centro do Parque está protegido das adversidades exteriores, integrado com o lago do jardim. Relativamente aos acabamentos do Auditório este é revestido por réguas de madeira que tem um efeito de isolamento acústico, o pavimento do palco é em alcatifa e o tecto revestido a bronze. A parede de vidro virada a Sul possibilita uma perspectiva soberba sobre o lago e o anfiteatro exterior.
Como já foi mencionado foram utilizadas técnicas inovadoras para a época com o betão armado pré-esforçado e pré-fabricado, tal como a nível das especialidades, tiveram que ser utilizadas as mais vastas competências tecnológicas.
Tostões (2006, p.142) refere, “Consequência deliberada da modulação estrutural, a expressão formal depurada, precisa, essencial, concretiza-se igualmente na intransigente disciplina ao diálogo dos materiais”.
A materialidade é reflexo da integração do complexo na paisagem natural do Parque.
O complexo cultural da Fundação Calouste Gulbenkian conseguiu erguer uma imagem de marca na cidade lisboeta, é um símbolo da evolução cultural e de um novo conceito de Museu, e principalmente uma obra de excelência no panorama arquitectónico português, com repercussões internacionais.
No dia 4 de Novembro de 2010 foi classificado Monumento Nacional.



Fundação Calouste Gulbenkian (CALOUSTE GULBENKIAN, Fundação, Os edificios, Fundação Calouste Gulbenkian)


Centro de Arte Moderna


No ano de 1979 foi unânime a decisão de criar um Centro de Arte Moderna devidamente incorporado com o sistema edificado da Fundação, esta opção surge aquando da permissa da Fundação em quer expor a arte contemporânea, congratulando a criação do primeiro Museu de Arte Moderna em Portugal.
A sua localização foi novamente controversa mas bem estruturada, inicialmente pensou-se numa implantação no terreno da Praça de Espanha, onde se situa actualmente o Teatro Aberto, área manifestamente insuficiente para o programa museológico.
Com a possibilidade de alargamento para Sul do Parque da Fundação, no ano de 1976, Sommer Ribeiro vai estudar o programa e a localização mais adequada para o Museu de arte moderna.
A principal vocação do Museu seria expor a colecção adquirida referente à arte do século XX, com este mote procede-se ao desenvolvimento projectual, em que é decidida a implantação no Parque da Fundação no limite Sul da expansão, um lugar favorável à intenção de estabelecer uma coerência ao nível do conjunto edificado, em perfeita harmonia entre o edifício Gulbenkian, o jardim, o anfiteatro e o futuro edifício.
O projecto foi abjudicado ao arquitecto Sir Leslie Martin, tendo como condições  pragmáticas, tornar o edifício polivalente, capaz de albergar espaços para animação cultural, para documentação e arquivo do legado da arte moderna.
A inserção do Centro de Arte Moderna num complexo consolidado, adivinha-se difícil, porque é imprescindível uma coerente harmoniosa entre todos os elementos que vigoram no Parque. Era necessário criar um ambiente propicio à exposição de arte com total envolvência com o lugar.
O autor tende em aproximar o edifício do meio natural através do desnível altimétrico que se direcciona para norte, resultando num leque de hipóteses projectuais. A articulação entre as volumetrias do Museu e do centro de animação cultural que suscita a uma forte relação através de um ponto fulcral do edifício, a entrada, articulação complementada com outras componentes programáticas como restaurante, livraria entre outros.
Foi desenvolvida uma solução pavilhonar, em posição paralela ao edifício da Sede da Fundação, defronte para o grande auditório, esta solução permitia um grande pé-direito possibilitando diferentes actividades no interior, o volume torna-se uma megaestrutura, que tendicionalmente manchou inequivocamente a unidade espacial relativamente ao edifício da Sede e ao Parque, não permitindo um futuro desenvolvimento para Sul. A linguagem arquitectónica utilizada é díspar do edifício Sede, o autor contestou a horizontalidade do edifício imprimindo um traço vertical no edifício, com influências Brutalistas e uma construção High-tech. A afirmação da estrutura impera todo o processo projectual, manipulando a topografia. O volume é escalonado estruturalmente para uma melhor adaptação ao conjunto, onde foram desenhadas clareiras e floreiras alusivas ao edifício Sede.
O conjunto edificado do Centro desenvolve-se em L, com uma grande sala de exposição em articulação com o corpo do espaço de entrada e do centro de animação é notória a diferenciação da galeria e do espaço de animação. A galeria é tripartida em pisos com correspondências a diferentes tipos de arte.
A estrutura construtiva é influência pelo gosto High-tech reflexo da era tecnológica. As vigas são inclinadas e mantêm as condutas metálicas em suspensão.
Programaticamente, o centro de animação cultural repartia-se por um centro de documentação e investigação, sala de exposições e sala polivalente bem como espaços dedicados à experimentação em atelier.
O Centro de Arte Moderna tem um espírito internacional de forma a espelhar diferentes culturas e a toda a sua expressão artística.



Centro de Arte Moderna (CALOUSTE GULBENKIAN, Fundação, Os edificios, Fundação Calouste Gulbenkian)