Sumário: Gótico - Contextualização histórica.
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CONTEXTO HISTÓRICO
Cronologia:
Surge em alguns
países nos meados do século XII e é divulgado por toda a Europa até ao séc. XV
Enquanto que a
filosofia do Românico é semelhante em toda a Europa, no Gótico existem dois
grandes tipos
O
Gótico Francês, Inglês e Alemão: Gótico Vertical, da luz e do vitral.
Pretendiam edifícios o mais alto possível (houve como que uma competição para
ter o edifício mais alto). Estes edifícios tinham grandes aberturas, com vãos
que possuíam vitrais, não sendo as paredes que suportavam o peso.
Gótico
mediterrâneo / meridional ou Gótico Horizontal: edifícios mais baixos, não
porque não consigam, mas por não quererem.
- Gótico Português:
- Inicia-se no séc. XIII, embora tenha havido
uma primeira experiência gótica séc. XII, coincidente com o Românico
- Relacionado com a expansão do território /
reconquista cristã. O Algarve foi conquistado no séc. XIII, mas inicialmente, e
devido à instabilidade, não foram construídos edifícios. Assim, devido ao
esforço de guerra, e mesmo após o fim desta, Portugal era um país pobre e pouco
estável, tendo se construído apenas igrejas, góticas, no sul do país, dado que no norte já existiam
igrejas, românicas, em número suficiente. Existe assim uma geografia do Gótico
em Portugal: a sul, enquanto que o centro e norte têm obras românicas
- Os dois tipos de Gótico chegaram a
Portugal, sendo o mais implantado o Gótico Horizontal. Mas houve uma
experiência, única e rara, feita por uma nova ordem religiosa, os
Cistercienses, que era claramente do Gótico Vertical.
GÓTICO VERTICAL
- Os
Cistercienses:
- Fundados por volta do inicio do séc. XI,
porque achavam que as ordens tradicionais estavam a tornar-se demasiado ricas.
Seguindo esta ideia, criaram, uma ordem que buscava o desapego dos bens
materiais, assim como a humildade. O bem mais importante esta ordem era a
cultura, sendo os seus membros homens de grande cultura.
- Inicialmente construíram um convento em
França, difundindo-se a partir daqui um pouco por toda a Europa.
- É considerada a ordem que mais contribuía
para o desenvolvimento das terras onde estavam instalados. Isto deve-se aos dois
tipos de monges que tinham: os que ficavam no convento e os que ajudavam as
populações na agricultura
- Acabaram por se tornar uma ordem poderosa
e rica, mas mantiveram uma filosofia de não mostrar o que tinham. Para eles o
mais importante era divulgar a cultura. Enquanto as outras ordens, por exemplo
a Beneditense, investiam em Jóias, como crucifixos, os cistercienses investiam
na cultura, em grandes bibliotecas.
- São os que viriam a ter os edifícios mais
altos e verticais, mas contidos e simples, onde, por exemplo, aplicam poucos
vitrais, dado que isso seria luxuoso.
- D. Afonso Henriques nos meados do séc. XII
convidou pessoalmente o fundador da ordem a vir instalar-se em Portugal,
atribuindo-lhe para o efeito um enorme território: zona de Alcobaça (ia de
Leiria a Santarém). Assim S. Bernardo (o fundandor) começou a construir um
convento em Alcobaça, de grande qualidade, que se tornou o segundo maior
mosteiro cisterciense em toda a Europa, isto durante quase toda a época
medieval. Alcobaça foi assim um edifício importante, embora fosse, como alguns
outros edifícios pela Europa, de um Gótico ainda experimental. No inicio da sua
contrução, quer a Sé de Lisboa, quer a Sé do Porto ainda estavam a ser
construídas.
- Depois de Alcobaça, apenas a Sé de Évora e a
Batalha foram edificadas segundo o Gótico Vertical.
GÓTICO MEDITERRÂNEO
/ MEDIEVAL OU HORIZONTAL OU MENDICANTE
- Inventado
por ordens mendicantes: Franciscanos, mendicanos e claristas. Estas ordens
surgem no séc. XIII em Itália, num contexto em que as cidades estão em
desenvolvimento, com pessoas que agora já tinham mais posses. Simultaneamente,
o número de pobres foi aumentando. As ordens religiosas tinham muito poder,
havendo grupos dentro da igreja que defendiam o desprendimento da igreja
relativamente aos bens materiais. Devido à pressão que estavam a criar dentro
da igreja e em volta do próprio Papa, estes grupos tiveram que ser dizimados
por cruzadas. Após esta ‘rebelião’ foram criadas pela igreja ordens pobres, que
viviam a pedir esmola.
- As ordens
mendicantes instalaram-se em todas as grandes cidades europeias, próximo dos
pobres, com grande sucesso, dado que qualquer pessoa poderia ser mendicante,
tendo como única actividade a recolha de esmolas, para distribuir entre os
pobres, e, eles próprios viviam dessas esmolas.
- A necessidade de igrejas e mosteiros,
levou-os a desenvolver uma Arq. diferenciada, não vertical, sendo deste modo
edifícios mais baixos, horizontais e terrenos. Os seus edifícios não passaram
dos dois andares, enquanto que o Gótico Vertical chegou aos quatro pisos. S. Francisco
considerou proibidos os vitrais, que manifestavam luxo e a própria adulteração
das cores criada pelos vitrais seria uma arrogância perante Deus.
- Os edifícios mendicantes, na sua maioria
possuem cobertura em madeira, dado as naves seriam o local do povo a cobertura
poderia ser realizada neste material, enquanto que a capela-mor possuía
cobertura em abóbada , dado ser o local de Deus.
- Grande parte das cidades portuguesas possuem
dois edifícios mendicantes (franciscanos e mendicanos). Para além deste número
de edifícios mendicantes, a maioria dos restantes edifícios Góticos em Portugal
são parecidos e semelhantes, ou até mesmo iguais aos mendicantes. Em Portugal o
Gótico costuma-se, por este motivo, classificar-se de Gótico mendicante, dado
que os edifícios que não o eram assemelhavam-se a estes.
ARQUITECTURA CIVIL
- Coincide com o crescimento urbano e diversas
alterações profundas na estrutura da cidade
- Antes do séc. XII as cidades eram ligadas ao
poder feudal ou ao poder da Igreja. Eram assim dependentes do poder senhorial,
sendo a sua maior preocupação a defesa, o que relegava o comercio para um plano
inferior. Com o tempo estas preocupações foram reduzindo-se e o comércio foi ganhando
relativa preponderância.
- A partir do séc. XII as cidades crescem
relativamente, ganhando enorme importância a nível financeiro, dada a
existência de um maior número de população, assim como o crescimento da
burguesia. Este crescimento criou diversas dificuldades e problemas na
estruturação da cidade, problemas que foram acentuados pelo facto de as
cidades, embora com poder financeiro, não possuírem poder político nem
cultural.
- Foi neste contexto que surgiram as
universidades, que eram a manifestação da necessidade de uma população mais
culta
- A partir do séc. XIII e XIV, cria-se na
Europa o municipalismo, que vai criar a independência da cidade, criada através
de protocolos entre os senhores. A partir deste momento a cidade passa a fazer
leis e a cobrar impostos, não sendo governada pelo senhor, mas pagando imposto
a este, sendo da responsabilidade do senhor defender a cidade.
- O municipalismo criou os representantes da
cidade, que tiveram de criar estruturas que não existiam anteriormente (tribunais,
abastecimento de água, etc.), assim como assegurar um bom funcionamento
administrativo da cidade (n.º de funcionários, o n.º e distribuição de
sapateiros, merceiros, etc.), o controlo dos edifícios que vão ser construídos
(público: câmara, tribunal, mercado, etc.; e privado: evoluir da cidade) e a
manuntençaõ das muralhas defensivas.
- A cidade medieval nunca poderia ser muito
grande, dado que a estabilidade política, principalmente no sul da Europa,
ainda não era muito grande.
- A cidade tinha que ser organizada num espaço
limitado. O funcionamento das ruas, praças e edifícios públicos estavam
organizados segundo uma lógica de funcionamento, que seguia regras bem
definidas. Na rua principal encontramos o centro da cidade, onde se localizam
os três poderes: Político (Câmara), Religioso (Igreja) e Judicial (tribunal).
- Embora todos os edifícios dos diferentes
poderes estivessem perto do centro da cidade, cada um desses edifícios tinha
uma praça própria. A praça faz parte da cultura latina, dado que desde a época
romana que esta servia para os debater assuntos na rua. A praça é essencial
também porque, além da cultura latina, numa câmara deve haver uma praça para
debater os assuntos cívicos e haver reuniões da população, tal como era
necessário, nesta época, existir uma praça frente ao tribunal para que seja
divulgada a sentença dos julgados, dando a ideia de justiça exemplar.
- Quando os
edifícios dos diferentes poderes tinham que ter uma única praça, esses poderes
tinham que ser claramente separados
- As cidades eram pensadas segundo um
rudimentar mas funcional e lógico plano urbanístico: na rua onde se localiza um
ourives não deveria haver um tanoeiro (produtor de barris) ou onde estivessem
sapateiros não deveriam haver ourives, por exemplo. A industria malcheirosa (os
curtumes da cidade) ficavam longe do centro da cidade e num sítio cujos ventos
dominantes levariam os cheiros para fora da cidade.
Muito bom!!
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